Após lutar contra a
leucemia ao longo de dois dos seus três anos de vida, Jordan Harden não parecia
mais responder ao tratamento. Os médicos então jogaram a toalha e lhe deram
algumas semanas de vida.
Os pais do garoto resolveram
levá-lo à Disney em Paris, para que Jordan aproveitasse os seus últimos dias.
Pouco antes de partirem, porém, receberam uma ligação do hospital e ouviram uma
notícia que os deixou entre eufóricos e perplexos: o último exame do garoto
revelava que a doença havia desaparecido completamente.
Hoje, 18 meses depois,
Jordan frequenta a escola e leva uma vida normal, como a de qualquer outro
garoto saudável de 5 anos de idade.
A história, narrada no
último domingo pelo jornal britânico Daily Mail, intrigou médicos e
jogou luz sobre os misteriosos motivos que podem fazer com que um câncer
desapareça a partir da reação do sistema imunológico do próprio doente.
Em entrevista à BBC
Brasil, Jacques Tabacof, diretor do Centro Paulista de Oncologia, diz que casos
como o do garoto escocês são extremamente raros, principalmente se levado em
conta o tipo de câncer que o acometia. Jordan tinha leucemia linfoide aguda,
câncer caracterizado pela produção maligna de linfócitos (glóbulos brancos) na
medula óssea.
Histórias como a de
Jordan indicam que existe a possibilidade de criar tratamentos contra o câncer
estimulando reações imunológicas nos doentes.
A imunoterapia, como
foi batizada a técnica que segue essa premissa, é um dos campos de pesquisa de
Reis e Sousa. Ele conta que um método atualmente em fase de testes consiste em
gerar infecções intencionais para acionar a defesa natural do corpo.
Por meio dessa técnica, bactérias são conectadas
a células cancerosas do paciente em laboratório, no intuito de sinalizá-las
como inimigas para o sistema imunológico.
Normalmente, nossa autodefesa detecta e destrói
células anormais. O câncer surge quando essas células, por serem bastante
semelhantes às normais, passam despercebidas pelo sistema.
Enquanto os
pesquisadores tentam desvendar os mecanismos por trás de regressões espontâneas
como a do garoto Jordan, a imunoterapia vai ganhando espaço e desponta como uma
das frentes mais promissoras nos estudos sobre a cura do câncer.
Texto adaptado de: http://www.bbc.co.uk/portuguese/ciencia/2010/09/100922_cancer_imunoterapia_jf.shtml