quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Brasil gasta como países desenvolvidos, mas não gera lucro com ciência

O Brasil já gasta tanto com ciência quanto a Espanha ou a Itália, mas ainda está atrás de ambas na sua capacidade de transformar esse dinheiro em resultados palpáveis. 

Essa é a conclusão de um novo relatório da Unesco, que é divulgado de cinco em cinco anos. Entre 2002 e 2008, os anos utilizados como referência, o investimento em pesquisa no país passou de R$ 25,5 bilhões para R$ 32,7 bilhões. 

Esse foi um dos fatores que fizeram a produção científica brasileira pular de 12 mil artigos científicos para 26 mil nesse período. 

A outra causa, na opinião de Hugo Hollanders, especialista holandês em inovação que é um dos responsáveis pelo relatório da Unesco, foi a evolução da internet, especialmente da banda larga, que permitiu a difusão mais rápida do conhecimento entre os pesquisadores dos países em desenvolvimento.

"A ciência mundial era dominada por Europa, Japão e EUA, mas o mundo está se tornando gradualmente multipolar. Coreia, Brasil, China e Índia estão desenvolvendo as suas potencialidades, ainda que a África continue atrasada em relação às outras regiões", disse Irina Bokova, diretora-geral da Unesco. 

A situação asiática, porém, é melhor do que a brasileira. Hollanders lembra que "nos últimos cinco anos, muitos líderes acadêmicos americanos e europeus têm recebido convites de trabalho e vultosos orçamentos de pesquisa em universidades do Leste Asiático". 

O grande problema do Brasil, porém, é escorregar na hora de tirar a pesquisa da universidade e levá-la às empresas, diz o relatório. Três quartos dos cientistas do país estão nas universidades, quase sempre públicas -nos EUA, quase 80% deles trabalham na iniciativa privada. 

Existem exceções, como a pesquisa tecnológica no setor aeronáutico e no campo (o cultivo de soja e a produção de etanol, por exemplo), mas, em geral, as empresas brasileiras investem relativamente pouco em inovação. 

Além disso, as empresas do país reclamam da falta de trabalhadores qualificados, especialmente em áreas ligadas à engenharia. Isso acontece porque o país começou a investir tarde em formação avançada. 

Com universidades muito jovens (a Unicamp, por exemplo, tem menos de 50 anos), o Brasil pode gastar até mais do que países europeus (com universidades mais velhas que o Brasil), mas vai precisar esperar alguns anos ainda até ter uma massa crítica de cientistas. 

O consolo é que, entre a os países em desenvolvimento, o Brasil vai bem. O resto da América Latina está cientificamente estagnado. Na África, alguns países até crescem rapidamente, como Angola e Nigéria, mas partindo de atividades pobres em pesquisa, como a mera extração de petróleo com técnicas consagradas. 

Texto adaptado de:http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/

Grilo bate recorde dos insetos por ter os maiores testículos

Se fosse humano, até poderia estar se gabando. Mas, nesse caso específico, passou batido entre seus semelhantes o reconhecimento de um grilo possuir os maiores testículos. 

Os testículos do pequeno inseto representam 14% de sua massa corporal. Se a mesma proporção fosse aplicada a um homem, seria o equivalente a vários sacos de açúcar totalizando cerca de dez quilos.

O estudo, publicado na revista "Biology Letters", é parte de uma investigação sobre as consequências evolutivas sexuais e envolveu a análise de 21 tipos de grilos.

Com testículos maiores, os machos podem produzir mais esperma e aumentar suas chances de passar seus genes para frente. 

Essa mesma adaptação feita pelos grilos da espécie Platycleis affinis é vista entre comunidades de chipanzés, em que as fêmeas normalmente fazem sexo com todos do sexo oposto --para se destacar, os machos se tornaram recordistas e acabaram desenvolvendo os maiores testículos entre o grupo de grandes macacos. 

Mas um dos pesquisadores aponta uma diferença sobre os grilos estudados. Embora tenham testículos grandes, era baixa a quantidade de esperma. "Nosso estudo mostra que temos que repensar algumas suposições", disse o pesquisador Kames Gilbert, de Cambridge, sobre a tendência de se pensar que machos desenvolvem testículos maiores quando vivem em grupos com fêmeas promíscuas. 

Segundo Gilbert, possivelmente a natureza dotou esse grilo com grandes testículos e pouco esperma para permitir o acasalamento sem reservas. 

Essa especulação pode ter um fundo de razão. O grilo estava pronto para ter outras relações sexuais depois de uma hora, enquanto outras espécies com testículos menores demoraram até cinco dias para se recuperarem. 


Texto adaptado de: http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/