Imagens tridimensionais de raios-X ultranítidas de um fóssil de 95
milhões de anos, encontrado no Líbano, lançaram luz sobre como as cobras
evoluíram de lagartos com patas, anunciaram cientistas em um estudo
publicado no "Jornal de Paleontologia de Vertebrados", na quarta-feira.
O fóssil de Eupodophis desouensi, medindo 50 centímetros, revela
uma pequena pata posterior presa à pélvis do animal. Ela estava
enterrada debaixo de seu corpo e só se tornou visível graças à nova
técnica.
A descoberta reforça teorias segundo as quais as cobras teriam evoluído
dos lagartos, até que finalmente perderam os membros totalmente, após
terem sido bem-sucedidas em habitats onde rastejar ou deslizar lhes deu
uma vantagem.
As novas imagens mostram que o E. desouensi, neste momento do período Cretáceo, estava no meio do caminho desta mudança.
A pata residual aparece dobrada em sua articulação, com vestígios de ossos do pé ou de dedos.
A imagem foi obtida mediante uma técnica denominada laminografia de
síncrotron, que usa raios X de alta resolução para sondar abaixo da
superfície e identificar detalhes de até alguns milionésimos de metros
de comprimento.
Foi feita uma rotação de 360 graus no fóssil enquanto este foi
escaneado, o que forneceu uma imagem tridimensional similar à popular
tomografia computadorizada empregada em hospitais.
O E. desouensi foi descoberto há dez anos e causou comoção na
época porque uma pequena pata traseira com apenas dois centímetros de
comprimento foi encontrada na superfície do fóssil. Especialistas
ponderaram, durante muito tempo, se uma segunda pata traseira poderia
ser vista.
Não há vestígios de patas dianteiras, o que indica que estes membros já tinham sido eliminados, sob pressão da evolução.
Texto adaptado de: http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/