domingo, 10 de outubro de 2010

Brasil pode travar acordo global de biodiversidade

O Brasil chegará à Conferência da Biodiversidade de Nagoya, que começa neste dia 18, exigindo pelo menos US$ 1 bilhão por ano dos países ricos para a proteção da fauna e da flora até 2020.

Também demandará a aprovação de um acordo, há muito protelado, que estabelece pagamento pelo uso da diversidade biológica pelas indústrias de alimentos, fármacos e cosméticos. 

Sem dinheiro na mesa e sem o protocolo, o país deve travar as negociações da COP-10 (10ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica), nome oficial da reunião do Japão. 

Isso significa não apoiar os dois pontos que os anfitriões estabeleceram como objetivos da conferência: a redefinição de metas para proteção dos ecossistemas até 2020 e a criação de um painel científico para avaliar o conhecimento sobre a biodiversidade --o IPBS, uma espécie de IPCC biológico.
Para o Brasil, ou Nagoya aprova o pacote completo ou não aprova nada. 

Assinada em 1992 no Rio, a Convenção sobre Diversidade Biológica, ou CBD, teve destino bem diverso do de seu acordo gêmeo, a Convenção do Clima. 

Enquanto esta produziu um mecanismo de implementação --o Protocolo de Kyoto-- e ganhou à atenção da opinião pública, a CBD jamais conseguiu ser plenamente posta em vigor. 

Sua frouxa meta de "reduzir significativamente" a perda de biodiversidade até 2010, acordada em 2002 em Johannesburgo, não foi cumprida por nenhum de seus 193 signatários. 

Isso se deve em parte à própria complexidade da convenção, que precisa lidar com temas tão diversos quanto unidades de conservação, repartição de benefícios para comunidades tradicionais e transgênicos.
A agenda do clima também acabou "sequestrando" a da biodiversidade. A proteção às florestas acabou "pulando" para o debate climático, na forma do Redd (mecanismo de redução de emissões por desmatamento). 

Hoje o Redd conta com US$ 4 bilhões, enquanto o GEF (Fundo Ambiental Global), criado na Eco-92 para financiar a CBD, tem apenas US$ 300 milhões. 


Texto adaptado de: http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/812553-brasil-pode-travar-acordo-global-de-biodiversidade.shtml

Flor japonesa pode ter o maior genoma já encontrado, diz cientista

O que parecer ser uma flor branca comum pode carregar um conteúdo extraordinário em suas pétalas: o mais longo genoma já encontrado. 

Pesquisadores do Jardim Botânico Kew, em Londres, anunciaram na quinta-feira a descoberta na flor Paris japonica, que supera o recorde do peixe pulmonado africano (nome científico, Protopterus aethiopicus). "Estamos realmente surpresos", disse a pesquisadora Ilia Leitch, do laboratório de Kew. 

Leitch e equipe suspeitam que a planta pode ter um código genético equivalente a 91 metros. 

O genoma é um conjunto completo do DNA de um ser vivo. O comprimento de um genoma é tipicamente medido pelo número de bases que possui, sendo cada par a base de um DNA. 

Para termos comparativos, o genoma humano tem cerca de 3 bilhões de bases e mede aproximadamente 1,8 metro de extensão. No caso do peixe pulmonado africano, há 130 bilhões de bases. Na flor, esse número é maior: 150 bilhões distribuídos em 30 centímetros. 

Os geneticistas dizem que o achado mostra como é diverso o código genético --o minúsculo parasita de mamíferos Encephalitozoon intestinalis carrega aproximadamente 2.300 bases.
Não é claro, contudo, por que as variações ocorrem, e grandes genomas não significam necessariamente um organismo mais complexo. Certos genes levam a algumas características, como a cor loira dos cabelos, e outros não. 

Ela acrescenta que geneticistas ainda discutem por que alguns seres possuem DNAs não codificados, e que a flor Paris japonica pode colaborar com o debate. "É uma pergunta que tem intrigado os cientistas há tempo", completa.

Texto adaptado de: http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/811952-flor-japonesa-pode-ter-o-maior-genoma-ja-encontrado-diz-cientista.shtml