O Brasil é apontado no relatório como tendo incidência
da maioria das 17 doenças tropicais listadas, que podem causar problemas como
cegueira, úlceras e cicatrizes, dor severa, deformidades e danos em órgãos
internos e no desenvolvimento físico e mental do paciente.
O relatório afirma, no entanto, que o controle desses
males, mais comuns em áreas rurais e em favelas urbanas, é “viável”.
A OMS pede a continuação da ajuda de empresas
farmacêuticas no controle das doenças, recomenda que os sistemas públicos de
saúde fiquem atentos a mudanças nos padrões das doenças por conta de fatores
climáticos e ambientais e sugere a coordenação entre agentes de saúde pública e
agentes veterinários – para controlar a incidência de raiva, por exemplo.
O órgão lista “sucessos” no controle de males, como a
erradicação da doença conhecida como “verme da Guiné”, não por conta de
vacinas, “mas por educação em saúde e por mudanças comportamentais”.
“Essas doenças debilitantes, às vezes horríveis, são
muitas vezes aceitas como parte da vida das pessoas pobres”, diz Margareth
Chan, diretora-geral da OMS. “Mas estratégias podem quebrar o ciclo da
infecção, da deficiência e da perda de oportunidades que mantém as pessoas na
pobreza.”
O Brasil apresenta incidência de males tropicais como
dengue, mal de Chagas, raiva, conjuntivite granulosa, leishmaniose,
cisticercose, esquistossomose, tênia, hidática policística e “cegueira dos
rios".
O relatório diz que o Brasil vivenciou um aumento nos
casos de leishmaniose desde 1999. A doença, antes mais comum nas zonas rurais,
“agora também aparece em áreas urbanas”, por conta da migração de pessoas do
campo às periferias das cidades.
“No Brasil, os cães são o hospedeiro do parasita” da
leishmaniose, que provoca, entre outros problemas, febre, fraqueza e anemia.
No caso da dengue, a OMS afirma que a doença ressurgiu
na América Latina porque as medidas de controle não foram mantidas após a
campanha para erradicar o Aedes aegypti, seu principal vetor, durante os anos 1960
e 70. “Grandes surtos acontecem atualmente a cada três ou cinco anos”, afirma o
relatório.